Artistas da residência
Artistas do Programa de Residência e do Programa Externo de Tutoria e Acompanhamento de Projetos
Maria José Ramos
Tem explorado trabalhos com características geométricas, realizados com recurso a prensa de gravura. Monotipias sobre papel com tintas de gravura, utilizando máscaras (acetato, cartão, tecido, ...) que produzem não múltiplos, mas peças únicas, explorando o erro e o acaso.
Paula Gibert Roset
Reunir desenho, instalação, fotografia, vídeo e som, juntos exploram o interesse em traçar momentos afetivos do passado que muitas vezes não deixaram vestígios e, quando os deixam, são quase impercetíveis. O objetivo é investigar e explorar os espaços onde a água cria o ponto de encontro na comunidade e extrair das paredes, do chão e dos objetos encontrados as histórias que contêm. A história de Calvino sobre a cidade de Zaira serve de premissa para imaginar, conversar e fabular sobre momentos afetivos passados tanto em torno das fontes como nos lavadouros públicos.
Beatriz Pereira
O projeto conjunto “The Future is Dry”, das artistas Runa Marie Dubrow e Beatriz Pereira, baseia-se numa curta-metragem filmada em 2022 numa piscina vazia. Aborda a alarmante previsão de que, em 2050, um terço da população mundial enfrentará uma escassez extrema de água - uma realidade que muitas pessoas já estão a viver. “The Future is Dry” é um projeto de instalação visual de dança que visa sensibilizar para a escassez de água e para as questões ambientais. Utilizando vídeo, som, luz e movimentos expressivos, o projeto apresenta um tema profundo sem quaisquer embelezamentos.
Runa Marie Dubrow
O projeto conjunto “The Future is Dry”, das artistas Runa Marie Dubrow e Beatriz Pereira, baseia-se numa curta-metragem filmada em 2022 numa piscina vazia. Aborda a alarmante previsão de que, em 2050, um terço da população mundial enfrentará uma escassez extrema de água - uma realidade que muitas pessoas já estão a viver. “The Future is Dry” é um projeto de instalação visual de dança que visa sensibilizar para a escassez de água e para as questões ambientais. Utilizando vídeo, som, luz e movimentos expressivos, o projeto apresenta um tema profundo sem quaisquer embelezamentos.
Senhor Vulcão
Música de um homem só e canções feitas à mão. Folkrap de intervenção. Senhor Vulcão é um cantautor português apaixonado pela sua língua mãe, onde encontra inspiração em palavras e expressões do nosso vasto léxico, menos usadas ou em extinção. Inspirado pelas raízes tradicionais portuguesas brota canções simples com humor, amor, sarcasmo, mergulho e revolução. Uma espécie de folkrapper em erupção, levado pelas ondas do mar e pela natureza bruta que o apaixona. Todos os seus discos são edições de autor, numeradas e limitadas.
Elisabete Gonçalves
Projeto entre pintura, desenho, escultura e instalação. Objetos e organismos encontrados, quebrados ou em transição. Ensaio, reparar, recontextualizar, construir, fragmentos do corpo, ritual, prender, marcar, simbolismo, descobrir, riscar, energia, morte, procura, lugar.
Melody Hesaraky
Traduzo a minha noção de beleza em artes visuais, design têxtil e objectos de vestuário. Num mundo obcecado pela velocidade, a minha linguagem artística ganhou vida organicamente, dia após dia, com paciência, prática e amor pela humanidade, tornei-me reconhecida como uma artista e designer que está a construir uma ponte entre os mundos da arte, da moda e da música! Esforço-me por criar magia e atmosfera através da minha narrativa visual! A minha linguagem artística não pertence a um grupo específico de pessoas! Como criadora que viveu e estudou em todo o mundo, o meu trabalho é uma ponte entre as lacunas e a minha visão suaviza divisões e fronteiras.
Fredrik Robens
Enquanto vivo a viagem e a paisagem, o todo se junta a partir de fragmentos. Mergulhando me em excertos mundanos...Como é que posso espremer uma criação artística do fruto oriundo do encontro. Como é que se lêem as histórias, sobretudo as que não foram escritas? Um lugar em consonância com todos os lugares visitados e revisitados na memória. Descobrir histórias silenciadas. Non-We in the We-Space? Investigar a alteridade na aldeia. The Established and the Outsiders?
Cyril Reichenbach
A temática da água mais propriamente da rede de estruturas ao seu redor, desde a minha formação, foi e continua a ser recorrente no meu trabalho. Comecei por trabalhar a partir de uma ilustração sobre o mesmo assunto presente na nota de 100 francos do Congo. Nesta Residência as referências iniciais para o desenho serão pontos de origem de água ou outras estruturas que utilizem caudais perto da aldeia Maceira, nas imediações da Rama.
Osias André
Na Residência tenho o interesse de experimentar, em pintura, desenho e objetos, sejam encontrados ou construídos, numa relação com o figurativo. Vejo o meu trabalho cada vez mais como uma espécie de uma descoagulação ou uma forma de consciência de algo que está dentro de mim, na relação com a morte, os seres vivos, os animais, a natureza e questões relacionadas com a violência, registadas numa linguagem pessoal.
Irina Kaldeway
Durante a minha residência na RAMA, usarei um tear para criar tecidosque irei transformar em escultura. O meu projeto é inspirado em histórias de amigos portugueses e num livro sobre como as pessoas em tempos antigos apreciavam a água da montanha pela sua frescura. Além disso, um poema de Mário de Sá-Carneiro influencia o meu trabalho. O poema escrito num poço do lado sul do rio Tejo diz, “Água fria e clara numa noite azul, Água, devia ser o teu amor por mim...”. O poema fala da água fria e clara e da sua ligação metafórica ao amor, trazendo um lado poético ao meu trabalho, relacionado com o processo de tecelagem, mais as tradições que as várias gerações ensinaram aos mais novos sobre a natureza e a água, inspiram o meu trabalho.
Patrick Hicks
A cerâmica encontrou-me e estou eternamente grato, por isso estou empenhado a 1000%. Quero continuar a crescer e a explorar o meu percurso na cerâmica, mas na intersecção entre a cerâmica e a música. Acredito que uma residência artística pode ajudar não só a completar tecnicamente uma tarefa, mas também a trabalhar ao lado de outros para aprender perspectivas e competências que podem influenciar o meu trabalho. o meu trabalho. Quero entregar-me ao que não sei e viver, respirar e comer o meu ofício através de um programa que me permita saber mais.
Rafaela Ferreira
O desenho e a pintura enquanto acontecimento, procuram uma ideia de superfície ritmicamente definida, uma pintura fora dos esquemas formalistas e em direção a uma imagem absoluta, talvez a última imagem possível perante o excesso de imagens. Uma imagem que ainda assim, nos faça imaginar, convocar e reativar os gestos primeiros do Humano na sua tentativa de plasticamente transformar as suas conceções, emoções e perceções.
Maria Matias
Lavrar à mão. A minha prática artística tem-se focado na intenção que coloco ao criar objetos, e na forma como exploro as possibilidades de a matéria trazer as ideias para o plano da imagem. Para este projeto, e partindo de técnicas experimentais gostava de reinventar ferramentas ancestrais de corte, gravação e caça dentro daquele que é o meu campo poético de objetos; criando uma narrativa de diálogo entre o desenho e o objeto, da mesma maneira que existia no passado uma relação entre os desenhos gravados na pedra e os objetos construídos para esse fim.
Constança Saturnino
Mergulhar no solo local e na vida vegetal para reunir inspiração e materiais - Criação de Abrigo & Armadura: Usando o solo da minha terra natal (onde não vivo há 20 anos), criar extensões do corpo - temas de lar e proteção utilizando materiais de terra, particularmente a taipa (cob) - Investigação das propriedades das plantas medicinais locais, simbolizando resiliência e transformação,enquanto navego na minha própria "plant blidness", justaposta à minha legibilidade do mundo vegetal num país onde não nasci (Reino Unido). Explorando as noções de homeland/non-homeland - Interagir com artesãos locais e membros da comunidade através de workshops e projetos de colaboração.
Mariana Martins
Tenho o luxo de escrever poesia todo o dia é um projecto de escrita experimental em português onde a pretensa é rasgar as palavras outrora postas nos meus poemas, que já não contemplo, ao invés, desdenho. Neste acto de destruição rasgativa observa-se uma transformação. Durante a residência pretendo descobrir e explorar diferentes métodos de rasgar as palavras e criar uma publicação na qual o leitor vê o desenrolar de um processo criativo. Entre explorações está, por exemplo, um uso absurdo de notas de rodapé, um humor seco que traz o banal ao palavrear romântico, corte e substituição de palavras, e reaparecimento de frases já lidas.
Céline Kadara
"A voz das árvores", como parte da minha residência RAMA, vou explorar formas de comunicar com as árvores que me rodeiam. Farei papel a partir de papéis usados e resíduos de árvores recolhidos e desenvolverei pigmentos com base em elementos naturais recolhidos. Vou "trabalhar" com as árvores locais de modo a desenvolver um alfabeto comum que me permitirá estabelecer um diálogo ecológico entre os seres humanos e o seu ambiente.
Ânia Pais
Bolsa RAMA atribuída no âmbito do Prémio Arte Jovem Fundação Millennium BCP 2023. A experiência da paisagem é a fonte de inspiração, a pausa no tempo que se abre no espaço como o entendemos, é o acontecimento que se quer dar a conhecer. A obra manifesta-se como um palco situado, mas aberto, no qual os corpos são encenados e coreografados de acordo com a relação que estabelecem uns com os outros em cena. Um trabalho performativo, que começa no ateliê e que se propaga para o espectador, um corpo sensível que habita o espaço, que se dá a conhecer e se revela à medida que caminhamos, como um teatro de paisagem. O diálogo surge no vazio da cena, no qual se constrói uma comunicação visual e física entre o acontecimento e o espectador através de uma escritura corporal...
Madalena Bettencourt
"Sem Barulho de Fundo Irritante", no projeto proposto, tendo como principal influência o local onde me encontro, procuro explorar o seu espaço sonoro. O SoM e a sua capacidade representativa de um local. Tenho em alma uma série de ideias que desejo aí realizar, que irão consistir num conjunto de objetos físicos, gravações, desenho, vídeo, fotografia, performance, e instalação; baseando-me na exploração do objeto do Sino como base do trabalho. Procuro com o Tempo aí vivido, ser-me possível compreender de um modo mais profundo o modo como eu coabito com aquilo que me afecta, perante uma inter-relação com a Paisagem Sonora da Aldeia.
Anastasia Solopova
Pretendo pesquisar o heroísmo no século XXI e desenvolver formas artísticas para representar a ideia de heroísmo através de desenhos e outros meios gráficos analógicos. A história das artes visuais tem um enorme repertório de instrumentos iconográficos para representar heróis: inúmeros mártires na arte cristã são heróicos, tal como o próprio Jesus é um herói; os protagonistas dos mitos antigos são heróis, e heróicas são também as figuras representadas em cenas de batalhas históricas. Este repertório visual do heroísmo - a luta e o sofrimento, o martírio - não parece, no entanto, adequado quando pensamos no heroísmo hoje. Será porque o presente não tem espaço para heróis? Ou será que temos de entender (e representar) os heróis de hoje de forma diferente do Aquiles que empunha a espada ou da Santa Lúcia com os olhos arrancados?
Meg Neil
Sou expressionista de muitas formas e estou entusiasmada por estar numa comunidade criativa. Sou dos EUA e passei os últimos dois anos em Portland, Oregon. Gosto de criar obras abstractas, inspiradas na natureza, que guardam momentos belos e imperfeitos do tempo. Durante a minha residência, o meu projeto principal será But A Vessel: On Waking Up, um conjunto de pinturas e poesia. Este corpo de trabalho nasce da minha experiência em navegar pela despersonalização e desrealização e é uma declaração maior sobre a manutenção do espaço para a cura e a expansão para além deste corpo físico.
Régis Dumoulin
Licenciado em arquitetura em Bruxelas, Régis, bailarino de coração, é um investigador, escritor, designer visual que vagueia entre os campos criativos da arquitetura, fotografia, arte e dança. A sua prática pessoal utiliza frequentemente a noção de temporalidade do tempo como um conceito discursivo e criativo para reencantar questões de educação, progresso e coletividade.
Claudia Cuesta
Este projeto dar-nos-á a oportunidade de, em conjunto, criarmos um novo corpo de trabalho contextualizado pelas nossas observações e experiências enquanto estivemos em Rama. Neste tempo de incerteza, somos levados a explorar criticamente em colaboração o luto global atual - a perda que está a permear todos os aspectos da vida e sobre a qual não se fala. Estamos interessados em dizer a verdade sobre a desilusão que sentimos em relação ao tempo em que vivemos e em encontrar uma linguagem que faça a ponte entre todas as pequenas acções que estão a ter lugar no mundo para se conseguir um futuro melhor.
Bill Baker
Este projeto dar-nos-á a oportunidade de, em conjunto, criarmos um novo corpo de trabalho contextualizado pelas nossas observações e experiências enquanto estivemos em Rama. Neste tempo de incerteza, somos levados a explorar criticamente em colaboração o luto global atual - a perda que está a permear todos os aspectos da vida e sobre a qual não se fala. Estamos interessados em dizer a verdade sobre a desilusão que sentimos em relação ao tempo em que vivemos e em encontrar uma linguagem que faça a ponte entre todas as pequenas acções que estão a ter lugar no mundo para se conseguir um futuro melhor.
Sergio Policicchio
No projecto "Para quem vê ouro nas borboletas" o eu supera fronteiras e envolve todos os sentidos num encontro aberto com o mundo. Os elementos naturais concentram-se em detalhes como a água, gotas de orvalho, folhas, árvores, galhos de salgueiro e dentes-de-leão evanescentes.
Emilia Pennanen
O período na residência RAMA será uma fase de pesquisa e experimentação para o meu projeto, no qual exploro a forma como a água actua tanto como força de vida e como força de erosão. Estes temas estão presentes na ecologia do território. Quero visitar sítios onde foi encontrada flora mesofóssil do Cretáceo em Torres Vedras. Durante a residência irei recolher água de diferentes fontes em diferentes fases do seu ciclo, bem como areia e outros materiais do solo na aldeia, na natureza circundante e nas margens. Utilizarei a água e a areia no processo de revelação de impressões fotográficas. O resultado final será apresentado numa exposição individual na Finlândia, em maio de 2024.
Maria de Bonelli
Projeto A Vida das Plantas - Arborescências Trata-se de um projeto artístico coletivo de três artistas, Ana Mantero, Maria João Gromicho, Maria de Bonelli, que tem como ponto de partida o tema do livro “A Vida das Plantas”, de Emanuelle Coccia. Com a ajuda da RAMA, interessa-nos refletir sobre este encontro temático, que visa articular o diálogo entre criações plásticas individuais, mas interligadas por um fio condutor. Partilhar as ideias-chave coccianas tem-se revelado muito enriquecedor para o fazer artístico do grupo Arborescências. O nosso propósito é recrear formas do mundo vegetal, recorrendo, nomeadamente, às artes do têxtil, à pintura, à colagem, à escultura, bem como à exploração plástica de materiais naturais.
Jana Kunzler
... Vou aprofundar o material papel, um elemento central da actividade artística. Mergulho, deixo-me inspirar pela flora e fauna do meio envolvente e transporto para o meu trabalho as impressões e os elementos que recolhi. Para o efeito, envolvo-me na arte do fabrico de papel, um processo de preservação das impressões vividas. A base de novas obras inspiradas nas colinas manchadas pelo sol, nos caminhos sinuosos, nos velhos sobreiros, nas trepadeiras, nos eucaliptos perfumados e nos ramos de árvores que balançam suavemente ao vento.
Ana Mantero
Projeto A Vida das Plantas - Arborescências Trata-se de um projeto artístico coletivo de três artistas, Ana Mantero, Maria João Gromicho, Maria de Bonelli, que tem como ponto de partida o tema do livro “A Vida das Plantas”, de Emanuelle Coccia. Com a ajuda da RAMA, interessa-nos refletir sobre este encontro temático, que visa articular o diálogo entre criações plásticas individuais, mas interligadas por um fio condutor. Partilhar as ideias-chave coccianas tem-se revelado muito enriquecedor para o fazer artístico do grupo Arborescências. O nosso propósito é recrear formas do mundo vegetal, recorrendo, nomeadamente, às artes do têxtil, à pintura, à colagem, à escultura, bem como à exploração plástica de materiais naturais.
Maria João Gromicho
Projeto A Vida das Plantas - Arborescências Trata-se de um projeto artístico coletivo de três artistas, Ana Mantero, Maria João Gromicho, Maria de Bonelli, que tem como ponto de partida o tema do livro “A Vida das Plantas”, de Emanuelle Coccia. Com a ajuda da RAMA, interessa-nos refletir sobre este encontro temático, que visa articular o diálogo entre criações plásticas individuais, mas interligadas por um fio condutor. Partilhar as ideias-chave coccianas tem-se revelado muito enriquecedor para o fazer artístico do grupo Arborescências. O nosso propósito é recrear formas do mundo vegetal, recorrendo, nomeadamente, às artes do têxtil, à pintura, à colagem, à escultura, bem como à exploração plástica de materiais naturais.
Ana Sério
O Espírito do Lugar: o conjunto de trabalhos que pretendo concretizar durante a residência insere-se na pesquisa que tenho vindo a realizar, desde 2016, e agora no meu doutoramento em Belas- Artes/Pintura: A relação entre a linguagem literária e a linguagem pictórica. Com base no romance «Finisterra - paisagem e povoamento», procuro representar as várias paisagens (físicas e psicológicas) construídas pelo escritor a partir do ponto de vista do narrador em diferentes fases da sua vida (criança e adulto).
Helen Butler
"O meu trabalho não é tanto um registo do território, mas um vestígio da minha presença em ligação com o ambiente, baseia-se em sentimentos, respondendo ao que me toca em relação às cores, à luz, à paisagem, às pessoas com quem me relaciono."
Joana Rita
"O trabalho que tenho vindo a desenvolver, expõe a vulnerabilidade e o distanciamento das relações humanas por consequência das redes sociais. (…) A partilha com outros artistas e com a própria comunidade residente, torna-se crucial para esta experiência, uma vez que fora dos ecrãs somos seres humanos que comunicam por palavras, sons, gestos e olhares, somos seres que sentem e se transformam com a presença do outro."
Maria Fradinho
"Ocupar a paisagem evoca a perceção dos limites dos vários corpos que a habitam na sua máxima extensão. Desta forma, pretendo debruçar-me, através de uma multidisciplinaridade de técnicas e matérias, sobre estas marcas visíveis e invisíveis que valorizam o diálogo permanente entre o espaço e reflexão interior."
Katherine Costa
"A natureza sempre foi uma fonte inesgotável de inspiração para mim, e busco explorar na minha arte as conexões íntimas entre o ser humano e seu ambiente natural, assim como apelar à atenção e a sensibilidade para a beleza e a fragilidade da vida. A residência artística proporcionará um ambiente propício para que eu possa aprofundar essa investigação e desenvolver projetos que possam ampliar a perceção das pessoas em relação à natureza e ao nosso papel como seres integrados a ela."
Diogo Costa
Uma associação entre uma das inundações da Farnsworth House de Ludwig Mies Van de Rohe, os indícios que compõem a minha prática artística e as características do lugar da residência artística da RAMA, motiva à exploração do espaço e da paisagem em pintura. No diálogo entre a arquitetura e a natureza, que se assumem como metáforas de racionalidade e de emoção, a interioridade e a exterioridade manifestam-se numa tensão, afetando-se, onde a cor, a pincelada, a composição visual e a instalação no espaço procuram formar ambientes que instigam à deslocação do corpo, do olhar e da atenção do espectador. Numa prática que conjuga a demora do fazer e a qualidade da atenção, procuro fazer da pintura um lugar potencial dotado da propriedade de poder conter e abrir a perceção do observador para questões relacionadas com a introspeção e a autoconsciência.
Gabriela Noujaim
A sua obra levanta questões sobre a herança sócio ambiental ancestral indígena, a proteção contra agressões ao corpo da mulher, explorando e contrariando os constrangimentos das estruturas sócio-políticas da sociedade brasileira. Formada em Gravura pela Escola de Belas Artes da UFRJ em 2007, a artista vem estruturando sua poética a partir do interesse pela imagem técnica construída a partir de vídeos, fotografias e, mais inicialmente, da gravura, e pela ideia de fixar uma imagem no tempo.
Maria Fradinho
"No meu labor plástico pereniza-se um envolvimento do quotidiano e do ato de caminhar, por zonas naturais e urbanas. Neste processo de criação a partir de formas, linhas e objetos encontrados nestes locais, a memória do corpo, as ocasionalidades do ser caminhante, e as sensações dos movimentos originam na minha experiência uma sensibilidade que posteriormente é transposta para composições bidimensionais e tridimensionais. Desta forma, utilizo uma multidisciplinaridade de técnicas de modo a potenciar as referências processuais e da própria matéria, onde é proposto uma relação de “quase intimidade” entre o observador, a obra e o espaço."
Carolina Kasting
"...Buscar relações poéticas entre materialidades do organismo corpóreo humano e a natureza, me pergunto onde estará esta zona de interseccionalidade. Quais as tensões que surgem entre o corpo urbano estrangeiro da artista e as formas, linhas, texturas e ciclos da flora e paisagem local? Corpo e natureza, ambos atores do feminino na sazonalidade e transformação. Lançarei mão de práticas abordadas no ateliê, como cerâmica e tecituras matriarco ancestrais, de rede, tricô, crochê e outras tramas que possam surgir absorvidas da cultura regional onde Rama está inserida. Técnicas de monotipia, tendo como matriz o corpo e outros materiais recolhidos do bioma, também darão forma à poética emergente desta intersecção. Material e imaterial se unem e se separam a partir do diálogo que se dará com o bioma e população, com foco na sustentabilidade e ecologia ao serem utilizados materiais do ambiente e produção local."
Jana Kunzler
... Vou aprofundar o material papel, um elemento central da actividade artística. Mergulho, deixo-me inspirar pela flora e fauna do meio envolvente e transporto para o meu trabalho as impressões e os elementos que recolhi. Para o efeito, envolvo-me na arte do fabrico de papel, um processo de preservação das impressões vividas. A base de novas obras inspiradas nas colinas manchadas pelo sol, nos caminhos sinuosos, nos velhos sobreiros, nas trepadeiras, nos eucaliptos perfumados e nos ramos de árvores que balançam suavemente ao vento.
Rachel Kahn
"...explorar e investigar através da cerâmica, o padrão, a repetição e a memória. O barro não é apenas um meio, mas também um colaborador. Ao permitir que o acaso e a mudança ocorram ao longo do processo, fico com uma peça que sente tanto a minha como a da natureza, uma coreografia combinada. O meu processo envolve o revestimento da argila em camadas de mensagens crípticas e símbolos que muitas vezes desaparecem, ou desaparecem completamente quando o esmalte é adicionado. Esta exploração do objeto como "relíquia de memória" levou-me ao antigo método de cozedura em forno de poço, pois esta é a mais verdadeira colaboração entre artista e terra. Espero experimentar a paisagem natural e os materiais à minha volta na residência para consagrar o Tempo."
E.S.H.A
Somos uma equipa multidisciplinar de artistas e atletas centrada na investigação do corpo humano em movimento, e da sua capacidade de adaptação no ambiente natural. A nossa pesquisa formou organicamente uma ligação entre diferentes disciplinas que se caracterizam pelo treino físico e pela expressão artística. O uso objectivo da música ao vivo, bem como a gravação das experiências em formato audiovisual, tornaram-se pilares fundamentais para o nosso método. Todos estes elementos dão origem à nossa equipa, englobando a investigação da dimensão física, a capacidade de expressão artística e a forma de comunicar a nossa mensagem.
Susana Paiva
"Interesso-me pelas questões ontológicas da imagem e pela criação de imagens, sem recurso a equipamentos tradicionais de captação fotográfica, sendo que a minha prática assenta na possibilidade de hibridizar meios de criação de imagens “cameraless” com dispositivos tecnológicos de produção e comunicação. Interessa-me a criação de forma intensa, usufruindo de uma desaceleração do mundo exterior, que tão bem serve a minha prática artística."
Brittany Newell
"O meu trabalho é sobre o corpo. O meu objectivo é triplo: criar mundos ficionais que sejam imersivos, um espaço para o corpo entrar; escrever ensaios pessoais que façam o trabalho da teoria, reflectindo criticamente sobre o corpo queer / otherized e as suas experiências; e fazer performances experimentais, utilizando o corpo como material. Preocupo-me com os mundos e com o espaço, as paisagens tanto reais como imaginárias em que os corpos se movem. Como escritora, intérprete, dominatrix e mulher, procuro novas formas de tocar e ser tocada."
Paulina Dornfeldt
“A natureza pode ser ínfima e intrincada ou vasta e de cortar a respiração. No meio, eu sou. Eu sou uma nómada que vive ao lado da natureza. São as formas e texturas que activam a minha inspiração e conduzem a memórias que abrem sempre uma nova direcção. Extraio materiais naturais tais como pigmentos ou carvão vegetal dos locais onde vivo, criando as minhas obras no local, na natureza. As pinturas tornam-se retratos dos próprios lugares, um diário abstracto e, afinal, um retrato do próprio território.”
Tiago Leonardo
"Esta residência parece a oportunidade perfeita para continuar a minha pesquisa, sendo que para tal gostaria de dar um passo atrás na tecnologia de produção de imagens – parte seca das mesmas como lhe chama Jeff Wall – experimentando as possibilidades de explorar a condição líquida destas– em duplo sentido – através de um retroprojetor, num jogo de camadas, transparências e opacidades - acreditando também que só a imersividade da escala de uma projeção fará jus ao que aqui se pretende explorar, não deixando de pretender complementar todo este projeto com elementos “físicos”."
Madalena Lopes e Léo Raphaël
O projecto que propomos desenvolver no contexto da residência artística da RAMA, procura explorar a inteligibilidade das coisas tanto textualmente como sensorialmente. Adopta uma abordagem entre a ficção e o documentário, nas aldeias de Maceira e Alfeiria. Através de investigação no local e da recolha de testemunhos da comunidade tencionamos criar uma série de objectos que interliguem mitos, rituais e conhecimento esotérico relacionados com o encontrar de água. Como ponto de partida recorreremos ao rabdomante e consideraremos fenómenos místicos como refúgio criativo em vez de os ver como farsas. Num movimento além do visível e tangível, tentaremos sentir a água.
Sara da Graça Santos
"Observar a água, os seus movimentos e propriedades numa relação intrínseca com o tempo é das atividades que mais me enriquecem como artista. Tenho desenvolvido um trabalho silencioso e solitário nas margens da lagoa de Óbidos onde observo o movimento suave das marés que me permite contemplar a efemeridade das composições que faço com objetos naturais, que disponho e coloco à disposição do tempo e dos movimentos do meio natural. Não lhes dou nomes mas gosto de os olhar como sentinelas."
Dana Melamed
Considero-me uma artista nómada: Ao mudar-me do Médio Oriente para os EUA e ao viajar muito, fui influenciada pela história, culturas, habitats naturais e métodos únicos de processamento de materiais locais. O meu trabalho retrata a luta de poder entre as pessoas e o ambiente. “Nature, engineered” é uma série de desenhos e tecelagem de materiais fabricados e naturais em papel artesanal. Utilizo matérias-primas locais - uma flor cultivada em África, componentes eléctricos, algoritmos e sequências de genoma dos EUA - todas tecidas nas fibras naturais do papel. As minhas esculturas combinam Cholla (carcaça de cacto dos desertos do Novo México) e componentes informáticos - todos reintegrados na natureza e recuperados por ela. ...A Residência RAMA oferece uma oportunidade única de investigação sobre a vida vegetal, história e arquitectura da região - e a relação holística da cultura local com a natureza.
Ana Luísa Ribeiro
O projeto “Arte, Ecologia e Memória” terá duas vertentes: 1. Trabalho no exterior, com caráter de instalação, sob o tema “Arte e Ecologia“, na(s) floresta(s) circundantes aos espaços de atelier e residência. 2. Trabalho de pintura com "inspiração“ na paisagem local... passeios, caminhadas pela zona...apesar de inspiradas pela paisagem da Maceira e arredores, se relacionam principalmente com a(s) minha(s) memória(s).
Susana Paiva
"O projeto “Difícil Poema” tem um carácter experimental e convoca a linguagem da fotografia e a performance. Interesso-me pelas questões ontológicas da imagem e pela criação de imagens, sem recurso a equipamentos tradicionais de captação fotográfica, sendo que a minha prática assenta na possibilidade de hibridizar meios de criação de imagens “cameraless” com dispositivos tecnológicos de produção e comunicação. Interessa-me a criação de forma intensa, usufruindo de uma desaceleração do mundo exterior, que tão bem serve a minha prática artística."
Phoenix Mccallum
"Durante a residência tenciono desenvolver uma peça em reação às leis anti-aborto implementadas em todo o mundo. O objetivo é homenagear a coragem de pessoas que decidiram submeter-se ao aborto e refutar o recorrente estereótipo de que a interrupção da gravidez é uma "solução fácil". Creio que a arte política é a forma de comunicação mais acessível para tratar temas tabu. Tenciono criar uma coleção de esculturas multimédia com o objetivo de que as mulheres se revejam neste projeto, se sintam representadas e respeitadas nas suas escolhas corporais autónomas. Esta coleção pretende contrariar os tabus enraizados relacionados com o aborto, será um meio de dinamizar o diálogo sobre os direitos menstruais e reprodutivos."
Cláudia Guerreiro
"O projeto Sem Título reúne uma série de desenhos de pequeno formato, resultado de um processo iniciado em residência artística nos The Beekepers, Castro Marim, em Junho de 2021. Estes desenhos refletem uma necessidade de mudar de rumo, de mudar os processos e renovar motivações, procurando resultados em sítios novos. ... uma luta contra a obsessão do controlo, num processo que se inicia com instrumentos riscadores (lápis e caneta) e encontra rapidamente uma possibilidade na mancha, onde quem manda é a água. Delegar as decisões da forma ao material e viver pacificamente com isso, deixando o instinto e a vontade determinarem o rumo do trabalho. "
Maria Fradinho
"No meu labor plástico pereniza-se um envolvimento do quotidiano e do ato de caminhar, por zonas naturais e urbanas. Neste processo de criação a partir de formas, linhas e objetos encontrados nestes locais, a memória do corpo, as ocasionalidades do ser caminhante, e as sensações dos movimentos originam na minha experiência uma sensibilidade que posteriormente é transposta para composições bidimensionais e tridimensionais. Desta forma, utilizo uma multidisciplinaridade de técnicas de modo a potenciar as referências processuais e da própria matéria, onde é proposto uma relação de “quase intimidade” entre o observador, a obra e o espaço."
Leonor Neves
"Interessa-me, pois, explorar a ideia de paisagem enquanto experiência total, sensorial, enquanto coisa que nos envolve e da qual fazemos parte, e não enquanto campo de contemplação. (Apesar do termo remeter, na sua génese, para coisa a ser olhada). Também por esta razão, os desenhos carregam consigo um forte sentido háptico e atmosférico. Interessa-me igualmente a ideia de desenho enquanto continuidade."
Rita Borralho Silva
"A minha prática artística surge de uma abordagem poética sobre a linguagem, a memória coletiva, o som e o símbolo, que se revela numa série de ações, instalações, coreografias e leituras performativas. Gosto de me descrever como poeta, investigadora visual e performer, sendo que o meu trabalho parte geralmente do meu corpo, da sua memória e das várias metáforas que surgem da realidade"
Haile Binns
Haile Binns é uma Artista Americana Jamaicana, nasceu e cresceu em Nova Iorque. Cria as suas obras a partir de materiais existentes em cada novo contexto de trabalho. O seu processo artístico é uma filosofia de transformação por assemblage. Interessa-se por questões relacionadas com as diferenças raciais e económicas, o género e a diáspora africana. A artista trabalha com objetos naturais e encontrados, com os quais transforma as suas descobertas em esculturas, criando mapas com as suas composições. Durante a residência, Haile irá explorar temas relacionados com a água, a memória, beleza e luz recorrendo ao papel artesanal que faz no estúdio.
Jemma Rose
"Durante a minha residência na RAMA, gostaria de continuar a trabalhar num corpo de trabalho que desenvolvi no final da minha licenciatura. O projecto, intitulado 'To Know Making', está centrado na exploração da materialidade e beleza dos meios e suportes usados na criação artística, alguns em desuso. O meu objectivo é colaborar com outras/os artistas na residência, discutindo e conhecendo o modo como cada artista faz o seu trabalho, e o que motiva o seu processo. Gostaria de aprofundar a ideia da/do artista como parte integrante do seu trabalho, e como o uso do movimento e do gesto informa o seu processo."
EarthR
EarthR é uma dupla de artistas que combina escultura + pintura, ecologias + outsider art, arte queering + arte popular. Focamo-nos em trazer um elemento de utilidade à nossa prática artística enquanto mantemos um diálogo em torno da utilidade na arte. Estamos a tentar fazer a ponte entre a escultura e a pintura. Estamos a procurar a ligação entre écologie e outsider art enquanto, Queering art através de raízes populares, a fim de eliminar fronteiras e criar espaço para novos movimentos.
Anne Beffel
"As Tangible as Waters Running Through Us and as Possible as Sky" As minhas práticas de pintura e fotografia são fundamentadas na meditação associada a caminhadas: prestando uma atenção cuidada à informação sensorial à medida que esta surge. Estas práticas são equilibradas com o meu estudo da arte e neurociência influenciada pelo budismo, e da Ecologia Queer. Exploro ligações entre percepção e capacidades essenciais para enfrentar as crises climáticas e sociais... Espero explorar os factores ambientais e culturais que fizeram nascer a actual cultura portuguesa de direitos cada vez mais igualitários para a comunidade LGBTQIA+.
Carola Ruf
As questões sobre percepção e comunicação individual e culturalmente condicionada estão no centro do meu trabalho artístico. Neste contexto, crio desenhos, objectos, instalações, bem como fotografias com intervenções de pintura. O livro de José Saramago "Viagem a Portugal" inspirou-me a fazer a minha própria "imagem" dos lugares visitados pelo viajante na sua narrativa. Gostaria de me referir artisticamente aos locais Dois Portos, São Quintino, Arruda , Vila Franca de Xira e Torres Vedras, que se encontram nas imediações da RAMA e são mencionados no relato de paisagem e cultura de Saramago.
Catarina Gentil
“A casa como corpo, o corpo como casa”.
Abrigos, tendas, cabanas, apartamentos, vivendas… onde existem pessoas, existe a casa. O lar é tão essencial à existência humana que poderíamos dizer que são a extensão um do outro. Que a separação entre estes dois conceitos não existe. A casa é tanto tijolos e telhas, quanto memórias e sentimentos.
O meu trabalho desenvolve-se a partir de inspirações que surgem de uma
observação cuidada da vida quotidiana em casa e materializa-se na utilização de materiais e objetos inspirados ou encontrados nesse ambiente, como louça, móveis e toalhas de mesa.
Alli Conrad
“As minhas pinturas encontraram um tema constante e sublinhado de seres humanos com cor e identidade. A cor pelo seu poderoso simbolismo, utilizo-a para comunicar emoção e disposição. Os meus trabalhos manifestam-se através de figuras humanas que são abstratas, lineares e coloridas, criadas a partir da imaginação, experiências, e longos períodos de reflexão. Através da imaginação, curiosidade e mistério do passado, as minhas obras transportam através da evolução das tendências culturais que retratam o passado como não fixo e inalterado, mas ligado ao momento presente."
Rita de Sá
“ As obsessivas pinturas de Rita de Sá fazem-nos refletir sobre o estado dessa relação na pintura contemporânea na medida em que é difícil de definir se se apresentam como representações ou se podemos colocá-las simplesmente no território da abstração. E isso prende-se com uma das suas características fundamentais: mais do que representar alguma coisa, elas parecem ser o resultado de um movimento lento, um processo de incrustação de formas que, no limite, é uma metáfora da própria história da pintura.” Celso Martins
Isabel Dantas dos Reis
"...tem desenvolvido projectos criativos pessoais, centrados essencialmente nas ausências e na memória. Passou uma boa parte da última década em investigação através da vivência de experiências e enriquecimento pessoal. Para tal, assentou residência noutro país, onde fez questão de se integrar ao máximo na comunidade local. Viajou, tanto dentro desse país, como fora dele. Viajou, essencialmente, para dentro de si mesma. Retornou recentemente a Portugal, onde continua a trabalhar a memória: sua e alheia. A um período de vivência e processamento de experiências, segue-se uma natural necessidade de ação criativa, sob a forma de desenvolvimento de ideias e conceitos entretanto amadurecidos."
Gwendolyn van der Velden
"São precisas duas perspectivas para fazer um retrato. Uma que vê e registra e outra que se vê a ser vista. Num processo de projeção de identidade e expectativas, a imagem que se revela tem duas origens. Este processo e este momento interessa-me muito. Pela sua vulnerabilidade e pelo que expõe, especialmente num momento onde vamos ficando mais dessensibilizados ao que nos dizem os rostos des outres. Tenho pensado e trabalhado sobre a interseccionalidade aplicada à situação da mulher. Na primeira temporada que passei na Maceira, a história das mães que fundaram uma escola fez-me querer saber e procurar as pessoas da comunidade. Nessa procura registrei os retratos de quase todos os habitantes da aldeia. Agora regresso para pesquisar como podem estas imagens destas pessoas transformar-se num objeto expositivo que nos faça questionar sobre o que diz um rosto numa altura onde vamos perdendo a capacidade de reconhecer nele humanidade, onde só os vemos se nos virmos a nós."
Tania Urvois
Os tópicos de interesse são ciclos e redes ecológicas, noções de sucessão, simbiose, entropia, inteligência vegetal e as suas aplicações em biomimética, ecologia urbana, permacultura, jardins comestíveis, re-construção, fungos e remediação vegetal; práticas interdisciplinares tais como transferências tecnológicas e colaborações Fab-Lab; mitologias e cosmologias de primeira cultura tais como o tempo do Sonho Aborígene Australiano; o funcionamento das nossas vidas interiores: o subconsciente, as emoções, memórias, sensações e a sua evolução juntamente com as nossas construções mentais eureka! momentos de perspicácia. Na Rama, proponho aprofundar a investigação deste último tema através da pintura e de outros meios de comunicação."
Conceição Abreu
"Com sentido háptico, a partir de estímulos táctiles e cinestésicos, investigo espaços de inter-relações entre o corpo e o espaço, a exterioridade e a interioridade, o presente e a memória. Ligações que são geradas na duração da prática, que é realizada no tempo que é o momento presente, mas que é, simultaneamente, transitório. Crítica à conduta antropogénica com a qual temos vindo a viver a nossa relação com o meio envolvente, objetiva-se o meu trabalho na criação de novas geografias materializadas em desenhos, objetos ou imagens em movimento. Registro ou vestígios que resultam da mistura ou da “penetração recíproca” (Emanuele Coccia, 2013) entre aquelas dicotomias."
Maria Fradinho
"O sentido de corpo e viagem estão fortemente presentes no meu processo: há cerca de um ano enraizou-se o ato de caminhar regularmente, o que me permite explorar diversos locais, paisagens e movimentos. A ação de caminhar e a topografia influem na conexão entre o Ser e o Lugar, as ocasionalidades do ser caminhante e a partilha inerente aos lugares frequentados por aqueles que os descrevem fazem parte e enriquecem esta experiência. Cada território, atendendo às suas diversas tipologias (natural ou urbano) intui uma atenção específica e diversa. Esta atenção encerra em si uma descoberta e potencia um olhar muito próximos do olhar da criança sobre o mundo, pela novidade e disponibilidade eminentes no caminhar e nas impressões que dele ficam."
Silvana Mammone
Silvana Mammone é encenadora, escritora e artista vocal com formação em literatura comparada e dança contemporânea. O seu interesse actual reside em vários modelos de arte imersiva e de arte em público, nos quais o som e a voz desempenham um papel fundamental. O seu último projecto, um passeio sonoro imersivo num jardim botânico sobre a inteligência e a comunicação das plantas, contou com a participação de quinhentas pessoas. Estudou e praticou várias técnicas de sensibilização e meditação para as incluir na sua prática artística e metodologias. É movida por questões que giram em torno de noções e pontos de vista biológicos, filosóficos e culturais relativamente à distinção mente/corpo dentro da cultura ocidental. Esforça-se para criar arte que aborde de forma diversa o nosso desejo humano de conexão e muitas vezes o faz alimentando e misturando a curiosidade artística e científica.
Yoav Goldwein
Urbanista multidisciplinar, antropólogo, e fotógrafo que iniciou uma viagem nos últimos anos para explorar formas alternativas de vida. Na minha viagem toco muitos aspectos da vida e um amplo espectro de pontos de vista para chegar a uma compreensão mais profunda da vida neste planeta. A minha mais recente exposição sobre esta investigação - "Home - Between a Shelter and a Cage", surgiu a partir das histórias de personagens únicas que conheci e da sabedoria dos filósofos modernos, e representou o meu primeiro grande passo como artista e curador.
Venla Helenius
Venla Helenius (1989) é uma artista visual, vive e trabalha em Helsínquia e Berlim. Helenius trabalha com vídeo, fotografia e instalação no contexto da arte contemporânea. As suas obras tomam a forma de instalação audiovisual nas quais observa a humanidade como parte de continuidades ecológicas e culturais mais vastas. As obras de Helenius têm sido apresentadas em galerias, museus e locais de arte performativa na Finlândia e noutros locais da Europa. As suas obras têm frequentemente uma premissa sensível ao local, e a narrativa das obras combina o seu interesse em relacionar a narrativa ficcional com a narrativa documental. Atualmente procura encontrar formas de contar histórias metaficcionais. Está interessada em processos de ficção e imaginação ativa. As questões essenciais para o seu trabalho são: Que tipo de corpos e formas de ser dominam a nossa imaginação? Que relações éticas estabelecemos com estas fantasias?
Ana Luísa Ribeiro
"... Uma característica notável no método de Ana Luísa Ribeiro é o seu trabalho sobre a forma como lemos e vemos imagens, registando os leitores de sublinhados e marginais (ou será ela própria?) criados como sinal de particular interesse por uma obra e o seu conteúdo.
Mesmo quando somos irresistivelmente atraídos para estas pinturas pela sua harmonia cromática e pelo fascínio intelectual que sentimos pelas peças a que se referem, o facto de a pintora apenas retratar fragmentos (de imagens e textos impressos ou manuscritos) indica o lúdico distanciamento que ela quer trazer para o seu trabalho. Nunca estamos a olhar para imagens simples, mas sim para leituras de segundo e terceiro graus delas.
João Pinharanda em "Marginalia", catálogo da exposição, Lisboa 2012
Inês Ferreira-Norman
"O que procuro, nesta residência, é através do regresso ao desenho, às filmagens, e ao registo fotográfico, usando intervenções "no terreno" que me permitam pôr as mãos na terra e na água, e da recolha de conteúdos antropológicos, encontrar uma metodologia para a elaboração de uma obra a longo termo dedicada à água. Esta obra pretende ser sempre baseada na recolha de amostras de água e solo dos sítios que visitarei ao longo da minha vida, e a metodologia pretende alcançar uma forma de sintetizar, ou processar, ou apresentar, a fenomenologia do lugar, o conteúdo biológico das amostras e aspetos antropológicos pesquisados, descobertos, observados."
Beatriz Neves Fernandes
"A água é parte integrante do meu imaginário artístico,..., um corpo de trabalho multimédia centrado não só nas qualidades estéticas deste elemento, entre as quais a transparência e fluidez, mas também focado na intenção de estabelecer um registo pictórico-metafórico do processo de criação artística, que entendo como um percurso aquático da osmose do interior para o exterior, o transporte da ideia para a matéria através do impulso criativo. A água enquanto fluxo primordial de criação e fertilidade, um meio de transporte de nutrientes e ideias que se edificam na matéria, desde o solo à obra de arte."
Catarina Gentil
“A água tem aproximado as pessoas desde o início da humanidade (…). Água é ligação. Conexão. Comunicação. Continuidade. Comunidade. É um mapa, uma rede que sustenta tudo, que segura e conecta o mundo, que liga continentes e consequentemente, pessoas. E as fontes, mais do que água, trazem pessoas. (…) Água é uma matéria maleável e com imenso significado simbólico... a sua manipulação, transformação (…) e a produção final de esculturas e instalações com o objetivo de (...) Colocar em evidência, de uma forma artística e poética, estas mesmas ligações que de outra forma seriam invisíveis e abstratas”
Ângela Dias e Maria João Gromicho
"Passando o projecto “Raíz Solar" pelo ambiente e contexto proporcionado pela RAMA-Residências Artísticas, pretendemos aprofundar a nossa prática, confrontar o nosso propósito sobre o olhar, apreciação, acompanhamento e desafios da Residência, para atingir novos caminhos... Este projecto feito a duas pessoas pretende construir uma exposição de desenho e de pintura em torno de um certo significado do sentido de Vida. Um sentido de Vida Humana com as suas interacções com a vida natural, animal, social e afectiva no seu mundo pessoal como universal."
Elizabeth Langford
"A minha prática é site specific, deixo que o ambiente se integre no processo convertendo-o no próprio trabalho. Para a residência, gostaria de passar os primeiros 5 dias na paisagem, durante o qual investigarei o local, condições - clima, geologia e vida vegetal. Vou registar as minhas observações, e depois passar alguns dias a analisar as minhas descobertas no estúdio durante o qual eu pretendo desenvolver ideias. Perante o lugar que vou encontrar, imagino que muito do trabalho será feito em colaboração com o meio envolvente. Aguardo com expectativa a possibilidade de desenvolver um pigmento único para a RAMA."
Gwendolyn van der Velden
"Nesta residência pretendo desenvolver a forma de apresentar um trabalho em processo, a minha colecção de conversas com mulheres e as suas experiências sobre interseccionalidade, os padrões e as suas relações geográficas, sociais, culturais e históricas. Retratando-as e gravando as nossas conversas, convidando-as a fazerem parte de um registo visual dos múltiplos padrões que dizem respeito à interseccionalidade das mulheres.
A ideia é colocar este processo no contexto de 3 performances, utilizando o espaço de trabalho como um palco experimental, onde possa desenvolver uma poderosa afirmação visual.
Os dias 10, 24 e 31 de Outubro são dias de apresentação do espectáculo em curso, que pode ser assistido e participado pelo público, por convite e por inscrição."
António Bokel
"Através de pesquisas do dialogo entre o homem, natureza, tecnologia e a “Nova Normalidade”. Venho por meio desta proposta restabelecer uma viagem de afetos e desafetos culturais entre duas culturas, Brasil e Portugal, países que estão ligados por uma longa história de relações e choques culturais. Pretendo promover e questionar o melhor dessa longa e necessária troca, sendo um porta voz da miscigenação cultural e de uma ancestralidade quase extinta pelo sonho de um progresso deturpado."
Franka Struys
“Conectividade” ... estar na natureza é essencial para mim. Mais em particular, estar na costa atlântica, a minha área de residência e trabalho. As falésias, as praias, o mar, o vento, o sol. Sentir e desfrutar o poder dos elementos, a ligação com a natureza. Abandonar o pensamento racional. Encontrar equilíbrio, harmonia e ritmo. Nas minhas pinturas procuro comunicar estas experiências e sensações por meio da simplificação, abstrações orgânicas, cores, materiais. Recentemente comecei a fazer experiências com pigmentos minerais recolhidos nas falésias da praia, e outros materiais naturais, para aprofundar as possibilidades da pintura.”
Sofia Castanheira
" Através da cerâmica, do desenho, da fotografia e da performance pretendo continuar esta exploração do Ser, de mim, do que é o existir no seu estado mais básico. Contando claro com o contacto com outros artistas, acredito que será extremamente benéfico fazer parte duma experiência de inter-crescimento, aproveitando para conhecer uma aldeia onde a natureza continua a ser o ponto de maior destaque e admiração, tendo também deste modo a possibilidade de conhecer gente que convive diariamente com este ambiente... durante o meu tempo na RAMA pretendo desenvolver um trabalho que tenha em si a liberdade de me desenvolver em simultâneo."
Jéssica Gaspar
“…todo o meu trabalho tem como base uma profunda conexão com a natureza, florescendo a partir do trabalho de campo e de interação com a mesma, da observação dos seus ciclos de crescimento e da passagem do tempo sobre as formas orgânicas. Procuro explorar as dinâmicas próprias de diversas matérias como os líquenes, fungos, a água, o fogo, o fumo e a luz, trabalhando a par com instrumentos de captação de vídeo e de som de forma a conseguir absorver parte dessa essência orgânica e transporta-la para o interior do espaço de exposição, criando peças mais envolventes e que estimulem diferentes sentidos.”
Claudia Lima
“a luz que o transforma em teatro de seres, totémicos ou antropomórficos por vezes, que surgem com uma densi- dade, um peso, uma ameaça que a sua estrutura e constituição material desmente, mas que o olhar e a imaginação a ele ligado vai confirmando.”
José Luís Porfírio
Ana Caetano
"...pretendo ir ao encontro da essência, abrandar, escutar, sentir, trabalhar o TEMPO de outra forma envolvendo-me o mais possível com a NATUREZA e os seus ritmos...tenciono usar o meu CORPO e o espaço que o rodeia, bem como o MOVIMENTO de um e de outro, para uma exploração plástica, criar IMAGENS, vídeos. Corpo e natureza em movimento, no tempo. Ou será movimento do tempo no corpo e na natureza?"
Sean Negus
“Hauntology & Ephemera(l) Saudades: A Transmedia Poetic of the Archive" é um projecto artístico transdisciplinar que explora as influências de Po.Ex, com especial atenção para a relação das artes visuais com a poesia. A experimentação radical e a ausência de limites das suas abordagens artísticas inspiram as minhas próprias abordagens. Como artista, estou também interessado no conceito "bricoleur" definido por Jacques Derrida onde cada instrumento é um aliado potencial no acto criativo. As minhas experiências com vários meios e a minha ambição de transcender e esbater fronteiras são uma parte central da minha prática."
David Correia Gonçalves
“Ardor interior, febre de partir”, Provérbio Berbere. "...procuro um espaço para me focar. Concentrar. Um lugar que ao invés de receber, de impor imagens criadas por alguém - cartazes, publicidade, semáforos com fachadas como fundo, posso me relacionar com o mais Natural, o menos tocado. As pedras, a geada, a noite, o não ter que subir escadas ou aproveitar elevadores para me deslocar verticalmente. Tempo. O que sairá daqui? Destas dinâmicas concentradas num espaço e tempo ? As coisas boas não têm nome. "
Duarte Filipe
“…partilhar conhecimentos entre os artistas será essencial, e o que eu posso também contribuir para esta comunidade, para estruturar e desenvolver novas ideias, moldar a matéria para novos projetos e possibilitar o ato de criar…”
Patrícia Timóteo
"...continuar o trabalho, relacionado com colagem, desenho, impermanência expositiva. A concentração (imersão), decisão, economia de gesto, são outros assuntos que eu estimo e quero continuar a trabalhar. Neste tempo de residência procuro aprofundar a habilidade de escuta …torná-la mais e mais…precisa. Desejo ainda que esta reflexão - treino nos traga novas impressões, a todos, na partilha com outros artistas, curadores, colaboradores da RAMA e com a comunidade local. O local, o silêncio e a natureza envolvente de Maceira transmitem-me quietude para trabalhar."
Stefanía Ólafsdóttir
“Pretendo continuar a explorar o meu trabalho de instalação, criando um mural em diálogo com o ambiente local, um projeto colaborativo em que os meus co-criadores são não humanos. A recolha de água de fontes locais irá contextualizar o mural com os recursos naturais. Uma investigação sobre a intersecção da água que uso para imprimir, o meu corpo e as comunidades humanas. Na RAMA estou particularmente interessada em estar no campo, perto da natureza, mas trabalhando entre paredes de edificação humana. Procuro explorar esta fronteira entre povoamento humano e natureza, este ecótone, na esperança de contribuir para a narrativa com a qual podemos avançar para o futuro."
Elsie Phipps
“Estou atualmente a trabalhar com algumas fotografias do Aqueduto das Águas Livres tiradas por Diogo Saldanha porque penso que transmitem algo de especial, quase sagrado, sobre o interior oculto destas estruturas construídas sem qualquer objetivo grandioso senão o de transportar água através da paisagem. Há algo de corpóreo na forma como a arquitetura move a água que sustenta a vida e eu gostaria de usar isto para explorar a forma como nós, por nossa vez, nos ligamos à paisagem."
HElena Valsecchi
"Por meio duma reflexão sobre a pintura, vista de forma ampliada e incluindo a instalação pictórica e, nela, fenômenos físicos como sombras e reflexos, investigo as dimensões de vida / morte / sagrado / memória mediante a retórica do duplo, e a sua vivência no contexto contemporâneo. Durante a minha residência na RAMA, pretendo aprofundar estes assuntos na dimensão local, através duma investigação específica sobre a museologia e a história da região."
Diogo Magro Viegas
“O meu trabalho consiste na recriação de objetos naturais ou fabricados, proporcionando conceitos de apropriação de elementos que consideramos uma exceção às nossas práticas, cuja abordagem tóxica e propensa a oprimir, revela um sentimento de estranheza e desconexão no nosso habitat. No projeto da RAMA, pretendo integrar-me num contexto mais ambientalista, recorrendo à minha convivência com um território desconhecido, que poderá resultar em diferentes formas de agir e pensar.”
Silvia Pallini
“Vejo a natureza como um lar, um ser único, uma unidade, indivisível, ... na RAMA, com o território entendido como natureza, artesãos e agricultores, poder desenvolver e criar materiais como tintas e carvão e outros produtos naturais derivados do processo agrícola que possam ser reutilizados na pesquisa pictórica”