Criação Artística a partir do lugar, 2021

Projetos finais do curso com a artista Carla Rebelo.

Neste curso partimos de um lugar físico, real ou imaginado, literário ou de memória para a criação de uma peça. A partir deste lugar, que espelha uma relação com a Natureza, iniciamos um processo de descoberta, explorando uma ideia até à concretização de uma peça que será no final “instalada” nesse lugar.

Natureza Habitada

Ana Sílvia Malhado

O projeto foi instalado numa Casa em Ruínas (frente /lateral) localizada na povoação de Ribeira de Pereiro (concelho de Alcobaça), com o pátio /jardim em frente à porta de entrada invadido por ervas, arbustos e árvores de grande porte. Como contexto a Natureza toma o lugar do edificado, mistura-se, pouco a pouco, numa sucessão ecológica em que a presença humana é cada vez mais diluída na paisagem natural. A instalação reporta à infância; às memórias; aos momentos felizes e tristes de uma casa outrora habitada... Imagens... voltar às raízes... ao simples... à essência...

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Muroself, 2021

David Correia Gonçalves

Muros - estruturas que se erguem do chão. Erguem-se a 90 graus da terra que estão assentes. Neste muro a terra é usada para fazer a argamassa, que devidamente mastigada serve como material aglutinante entre as pedras. No conjunto é o material que menos resiste ao tempo. Frágil e mais delicado, é ele que junta e permite uma grande quantidade de carga em equilíbrio. Como as cartilagens do corpo humano que juntam os ossos e servem de revestimento para que não se toquem. Esta terra argamassa serve igualmente como revestimento, um reboco que protege e esconde o esqueleto. Pele que nos impede de ver o que está dentro, desde a derme á hipoderme ao osso e ao tutano, o público e o privado - o interior vive.

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Autorretrato na praia

Diogo Magro Viegas

Queria fazer uma intervenção que estivesse relacionada com o tempo. A performance foi feita em menos de 15 minutos e fui fotografado durante esse tempo. No entanto, a fotografia não revela a temporalidade do evento, porque só prova uma fração de segundo. E essa fração é o que resta da obra. Não é sequer um substituto, mas é, no entanto, um registo único do acontecimento. Pensei em enterrar-me na areia porque seria um momento irrepetível; quando começo a fazer, já não posso voltar atrás. Esse fazer sem apagamentos, de chegar ao local e começar e ir até ao fim sem paragens, como um único e longo movimento, foi o que mais me interessou neste projeto.

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Winter is gone: ensaios sobre a superfície

Filipa Tojal

Composições que refletem sobre o passar do inverno e o pousar da neve num lugar em concreto: uma pequena colina de um parque da cidade de Berlim. A construção de um jardim pictórico a partir de cubos de pedra, de água imaginária e de objectos que indicam o caminho.

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La Nostalgie du Paradis

HElena Valsecchi

Em “Mythes Rêves et Mystères” de Mircea Eliade, “La Nostalgie du Paradis” refere-se à tendência e desejo de voltar à ligação entre o céu e a terra, presente em vários mitos e rituais de diferentes culturas e cultos: in illo tempore, o céu e a terra estavam ligados, até que um evento os separou. Nos rituais, o xamã, cujas modalidades variam de acordo com as culturas, recria essa conexão. Nesta instalação, pretendia criar uma obra que funcionasse como um xamã, unindo os elementos: o papel unia a textura da pedra, na qual foi modelado depois de imerso na água do oceano, e sobre a qual se apoia , e o reflexo do céu. As duas texturas sobrepostas foram pintadas em aquarela com água da atmosfera local.

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Kawa-kami

Juliana Matsumura

Kawa: rio; fluxo. Kami: deus; espírito; há muito tempo. Kawa Kami: nascente; rio acima; córrego superior; contra-fluxo; fluxo ascendente. Kawakami: apelido da minha avó japonesa, que chegou no Brasil em 1938. Lugar escolhido: O casarão do chá foi originalmente uma fábrica de chá, um espaço reservado para o beneficiamento das folhas de Camelia sinensis produzidas na região (entre 1941-1968). O casarão do chá representa um vestígio da presença de imigrantes japoneses no Brasil e é um marco arquitetônico que integra técnicas construtivas japonesas com matérias-prima locais. Alguns conceitos envolvidos na concepção deste projeto: ancestralidade, imigração japonesa, fusão de culturas, significado metafórico de Rio, a investigação sobre o rio Tietê (cruza o Estado de São Paulo), a recolha de memórias locais, a transparência enquanto potência simbólica, a Paisagem, a Natureza e a expansão do desenho.

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1936 (Título provisório)

Monica Musoni

Uma eira, a cortiça e a água compõe os elementos a partir do qual foi pensada a instalação. O projecto divide-se em três fase: I Estudo e concepção do projecto, realizada durante o curso; IIª Instalação; IIIª Captação fotográfica;

1936 é a distância percorrida ou por percorrer. Um movimento em potência, um movimento realizado e um movimento que perdura. No reflexo da água o círculo completa-se. O círculo pressupõe um movimento, um deslocamento que resulta da memória do lugar e das suas circunstâncias. "A superfície (da água) torna-se a expressão dos valores, a expressão da profundidade” da mudança. E “há na imobilidade a possibilidade de todos os movimentos(...)" Gonçalo M. Tavares in Atlas do corpo e da imaginação.

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A escuta do gesto: 1 - eu tenho gosto em sentar-me .

Patrícia Timóteo

Enjoy sitting.

O som enquanto elemento compositivo. Pertencente.
objecto que não é riscado, delineado, que tem sempre uma ideia. O inatingível.

Eu estive a reflectir em movimento, a olhar os outros que se moviam também nesse espaço, lugar interno - externo, a perceber de que forma o som poderia estar presente neste acto de fazer neste acto de não fazer. contemplar ? aha! o som... presente.

O suporte é o gesto e o som pergunta ..
Fazem - se por eles mesmos.

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